faz-se presente, o luar belo e mágico! Tudo agora reflete a enaltecida calma, das humildes pessoas desse povoado. Não sei quem circunvaga tão sozinho, por entre as ruelas e num desabafo, chora a saudade do amor que partiu, e entre soluços, um canto é entoado... Num êxtase, eu escuto o triste cantar, dentre grande silêncio e tão estridente, que enche d’água meus olhos cerrados, e combalida, minha alma jaz plangente. Ansiando pelo sono, rogo-o em prece... Mas, lá fora, o murmúrio cheio de dor, buscando encontrar quem mais não tem, faz-me deixar de sonhar com o amor...
* Coelho Neto (Henrique Maximiano C. N.), professor, político, romancista, contista, crítico, teatrólogo, memorialista e poeta, nasceu em Caxias, MA, em 21 de fevereiro de 1864, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de novembro de 1934. É o fundador da Cadeira n. 2 da Academia Brasileira de Letras, que tem como patrono Álvares de Azevedo. Cultivou praticamente todos os gêneros literários e foi, por muitos anos, o escritor mais lido do Brasil.
Fonte: www.portaldafamilia.org.br
Retrato de Mãe
Dom Ramon Angel Iara
Bispo de La Serena – Chile
(Tradução de Guilherme de Almeida)
Uma Simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus;
e pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo; que, sendo moça pensa como uma anciã e, sendo velha , age com as forças todas da juventude;
quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida e, quando sábia, assume a simplicidade das crianças;
pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama, e, rica, empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos;
forte, entretanto estremece ao choro de uma criancinha, e, fraca, entretanto se alteia com a bravura dos leões;
viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam, e, morta tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.
Não exijam de mim que diga o nome desta mulher se não quiserem que ensope de lágrimas este álbum: porque eu a vi passar no meu caminho.
Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página: eles lhes cobrirão de beijos a fronte; e dirão que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria Mãe.
Mamãe, Meu Amor Eterno!
"Os braços de uma mãe são feitos de ternura e os filhos dormem profundamente neles." - Victor Hugo