Pesquisar neste blogue

domingo, 28 de agosto de 2011

Saudade Ecoa...














Floresce em meu coração a saudade,
em virtude d’ausência de um amor...
Tento esquecer esse concluso afeto,
porém, experimento tão grande dor...

Conspiro contra essa paixão d’alma,
ensaiando seduzir n’outras razões...
Decantar, atraentes e doces sonhos,
como no som caricioso das canções.

Mas, o amor... tem cor, tem magia!
Que se fundem n’alma com ardor.
Magoado, entoa num soar ousado,
o brado incendiário do seu calor...

O grito sôfrego insurge nostálgico,
ecoando profundo, muita tristeza...
Vai o tempo... insiste a lembrança,
revelando a insensível cegueira...
 
© Daura Brasil
 

Foto: El Puente de Madeira by redi

http://rosanycosta.com.br/amigos/190-saudade-ecoa-

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Semana do Papai - Carinho!

















O Pai

Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.

Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.

Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.

Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...

       E na noite imensa
       com as feridas de ambos seguirei.

Pablo Neruda, in "Crepusculário".
Poeta. Chile -1904 // 1973
Tradução de Rui Lage

* * *










Sem um Filho te Apagarás no Poente

A luz real ergueu-se a oriente
com a coroa de fogo na cabeça:
e o nosso olhar, vassalo obediente,
ajoelha ante a visão que recomeça.

Enquanto sobe, Sua Majestade,
a colina do céu a passos de oiro,
adoramos-lhe a adulta mocidade
que fulge com as chamas dum tesoiro.

Mas quando o carro fatigado alcança
o cume e se despenha pela tarde,
desviamos os olhos já sem esperança:
no crepúsculo estéril nada arde.
    Assim tu, meio dia ainda ardente,
    sem um filho te apagarás no poente.

William Shakespeare, in "Sonetos"
Dramaturgo/Poeta/Actor/Compositor

Tradução de Carlos de Oliveira

Os nossos pais amam-nos porque somos seus filhos, é um facto inalterável. Nos momentos de sucesso, isso pode parecer irrelevante, mas nas ocasiões de fracasso, oferecem um consolo e uma segurança que não se encontram em qualquer outro lugar."
Autor - Russell , Bertrand


Ilustrações:
Blue Morning Glories by Georgia O'Keeffe
Sunset by H-Showghi

domingo, 7 de agosto de 2011

O Barquinho


O barquinho navega lento, lentamente...
Leva as mágoas de uma ilusória paixão;
singrando as águas claras, suavemente,
ecoa com liberdade uma nova canção!...
                  
A bela melodia me envolve, docemente,
vibrando sonora uma cariciosa oração!
O barquinho navega lento, lentamente...
Leva as mágoas de uma ilusória paixão.

A harmonia irradiando amor, mansamente,
tece meiga, alegre poesia no meu coração;
fantasio o momento... E, deliciosamente,
velejo apaixonada numa mágica emoção!
O barquinho navega lento, lentamente...

© Daura Brasil
                          
(Rondel)
                      
Ilustração: Silhoute of Sailing Boat - Impressão Fotográfica