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terça-feira, 15 de novembro de 2016

Pus o meu sonho num navio

Poema: Pus o meu sonho num navio - Cecília Meireles

Vídeo: Naufrágio - Amália Rodrigues / Música: Alain Oulman


Canção



Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
– depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio…

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

- Cecília Meireles

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Dia Nacional do Livro - 29 de Outubro


Seu acervo de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, moedas, medalhas, etc., ficava acomodado nas salas do Hospital da Ordem Terceira do Carmo, no Rio de Janeiro.
A biblioteca foi transferida em 29 de outubro de 1810 e essa passou a ser a data oficial de sua fundação.

E HOJE?

Vivendo na era da informática, nos perguntamos: qual será o futuro do livro na era digital? Alguns respondem que as publicações da forma como as conhecemos irão acabar, outros dizem que não, que tanto as edições impressas quanto as eletrônicas vão viver lado a lado, sendo apenas uma questão de escolha do leitor. Ainda é uma questão.

De qualquer forma, não há como negar a existência das editoras e livrarias on-line. Seus livros podem ser adquiridos – a pedido – no formato tradicional ou, em se tratando de obras de domínio público, como Dom Casmurro, de Machado de Assis, simplesmente serem lidas on-line, conectado à rede, ou off-line, “baixando” o arquivo, para imprimir o livro e ler à hora que desejarmos.

Um avanço e uma comodidade, não? D. João VI, com toda a sua realeza, jamais poderia imaginar algo tão genial.

Pois é a própria internet, com sua comodidade, que nos dá a reposta para nossa pergunta inicial. Ela mesma nos fornece duas opções de leitura: on-line e off-line.

Além do mais, são os próprios donos de editoras online que deixam claro o status que é para um escritor ver seu livro sair da versão on-line para a versão impressa.

Talvez a questão não seja tanto se o livro impresso vai deixar ou não de existir, mas de que valor será investido daqui a algum tempo. Maior ou menor?

COMO CUIDAR DOS LIVROS?

Para quem curte ler, de forma on-line ou não, e que possui suas obras preferidas (aquelas de que não se desfaz nem morto!) separadas num espaço nobre de sua estante, é bom saber umas dicas de como conservar esses nossos amigos, os livros.

Aqui vão algumas:
Evite tirar o livro da estante puxando pela borda superior da lombada. Isto danifica a encadernação. A forma correta de pegar é empurrando os volumes laterais, retirando o exemplar desejado pelo meio da lombada;
Evite folhear livro com as mãos sujas;
Evite fumar, beber ou comer nas bibliotecas ou mesmo em casa, enquanto lê uma obra;
Contato permanente com a luz solar faz mal à saúde do livro;
Evite largar os livros dentro do carro;
Evite reproduzir livros frágeis ou muito antigos em copiadoras;
Evite apoiar os cotovelos sobre eles.
“O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive.” António Vieira
Boa Leitura!




domingo, 24 de julho de 2016

Canção da Manhã



Canção da Manhã



A manhã surge bela e iluminada,
mostrando a luz com resplendor.
Ah, quero me sentir acarinhada,
com um delicado hino de amor.

Pousando n’árvore a avezinha,
gorjeia, deslizando doce canto;
tão logo, outra ave se avizinha,
vivificando a canção… um coro.

Há tanto encantamento e doçura,
numa cadência ingênua d’alegria,
que o coração enternecido vibra,
com sopro imenso de harmonia.

©Daura Brasil
São Paulo - 2014.

Imagem: Google

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

E então, disse um estudioso: Fala-nos do Falar.



E ele respondeu, dizendo:

“Falais quando deixais de estar em paz com vosso pensamentos;
E quando não podeis mais viver na solidão de vossos pensamentos, viveis em vossos lábios, e o som é uma diversão e um passatempo.
E, em muito da vossa fala, o pensamento é um pouco assassinado.
Pois o pensamento é um pássaro do espaço, que, em uma gaiola de palavras pode, em verdade, dobrar suas asas, mas não consegue voar.
Entre vós, há os que buscam os que falam por medo de ficarem sozinhos.
O silêncio da solidão revela a seus olhos seus seres desnudos e eles fogem.
E há aqueles que falam e, sem conhecimento ou intenção, revelam uma verdade que eles mesmos não compreendem.
E há aqueles que têm a verdade dentro de si mesmos, mas não a contam através de palavras.
No seio destes vive o espírito em silêncio harmonioso.”

In: O Profeta / Gibran Khalil Gibran; tradução de Bettina Becker – Porto Alegre: L&PM, 2003.


Ilustração: Japanese Zen Garden with Stone of Harmony and Candle Lights /allposters.com